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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Cinco anos da tragédia e farsa nos Aflitos

Túlio Velho Barreto e Antônio de Pádua Barros

 
“Então, ficamos assim entendidos: daqui pra frente, quando a coisa estiver preta [sic] pro nosso lado, chutamos o pau da barraca, tal como fez, com absoluto sucesso, o time do Grêmio, no campo dos Aflitos. Foram 20 minutos de velhacaria [...]. Será que o futebol merece a tarde deprimente que machucou, irremediavelmente, o jogo Náutico x Grêmio? Francamente, em 50 anos de estrada, não me lembro de ter visto pantomima igual àquela. Houve cenas da mais pura tragicomédia [...]“.
Não, as palavras acima não foram escritas por nenhum jornalista nem torcedor pernambucano a propósito do comportamento deplorável – porque absolutamente antidesportivo – do Grêmio no jogo tido e chamado, equivocadamente, aqui e alhures, como a Batalha dos Aflitos, quando devia ser a Vergonha dos Aflitos. Jogo que não devia ter terminado, pois jogadores que chutaram um atrapalhado e medroso juiz, como Anderson, ou que subiram na grade de proteção do estádio e incitaram a torcida para que invadisse o campo, o que ocorreu, como Marcel, não foram expulsos. Pelo contrário. Viraram exemplos de heroísmo.
Na verdade, o texto de abertura deste artigo foi escrito pelo insuspeito jornalista Armando Nogueira...
“Um minuto de brio e 20 de catimba” foi publicado no jornal carioca Lance! logo após o jogo Náutico x Grêmio. Nele, Armando Nogueira implora para que a história, que ele narra como tragicômica para o futebol – e não para o Náutico -, seja respeitada e faz um apelo para uma multidão de surdos: “Pelo amor dos deuses do futebol, não vamos deixar de deplorar, com veemência, o comportamento do time do Grêmio, do time e também da diretoria do clube, porque, no auge da zorra, o próprio presidente invadiu o campo e, pelo visto, não terá sido para aplacar o incêndio. Pelo contrário. Suspeita-se até que o fogoso cartola tivesse ido levar ao time o plano maquiavélico de continuar tumultuando as coisas [...]. No quesito quizumba, o time do Grêmio passou dos limites”. Limites que foram, agora, alcançados – ou ultrapassados – por André Luís e Bebeto de Freitas. Pelo visto, a tragédia ou tragicomédia, como quer Armando Nogueira, virou farsa.
Assim como os meios de comunicação, sobretudo do Sul e Sudeste, mas não só estes, enxergaram heroísmo na atitude antidesportiva do Grêmio, a cada nova edição jornalística dos acontecimentos, o Náutico se transforma em seu principal responsável e alvo maior das punições que virão por aí. E mais: mesmo aqui, em Pernambuco, alguns têm associado equivocadamente o comportamento da Polícia Militar nos dois momentos, para mostrar que tais fatos são recorrentes em nossos estádios. O que contraria o editor especial do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, Luiz Zini Pires, que reconhece, em seu livro a respeito de Náutico x Grêmio, 71 segundos – O jogo de uma vida, que “a partida estava fora de controle, o medo de uma invasão em massa aumentava e apenas a PM mantinha a ordem”.
Agora, quem estava no estádio viu – e as câmaras registraram – um jogador completamente desequilibrado levar o segundo cartão amarelo e ser expulso, até tardiamente pelo que já tinha feito em campo; em seguida, chutar uma garrafa plástica em direção aos torcedores do Náutico nas sociais do clube, atingindo um deles, para os quais fez gestos obscenos; sentar-se irregularmente no banco de reservas e, ao dirigir-se aos vestiários, receber ordem de prisão por arruaça em espaço público e tentativa de agressão aos espectadores do jogo; finalmente, resistir às ordens da PM em explícito ato de desacato à autoridade. Não é demais repetir: está tudo gravado, assim como estão os 25 minutos da arruaça provocada por gremistas em 2005, no mesmo estádio dos Aflitos.
Mas, como escreveu o igualmente insuspeito jornalista Juca Kfoury em seu blog, contestando a histeria dos colegas do eixo Rio-SP: “O Náutico não é culpado por confusão em Recife”.
Que a farsa não vire fato como a tragicomédia virou heroísmo, pois se a moda pega não haverá mais futebol no Brasil. Só pantomima. (Túlio Velho Barreto é cientista político e Antônio de Pádua Barros é fotógrafo profissional /a partida foi disputada no dia 26 de novembro de 2005)

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